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Arte Numérica org

Scientia - História da Ciência
por Henrique Leitão

Aqui na Arte Numérica decidimos criar o domínio artenumerica.org como um "lugar" para material não necessariamente relacionado com as actividades da nossa empresa. Poderão vir a encontrar aqui trabalho feito por nós e outros, divagações variadas, algumas páginas pessoais, talvez algumas cópias locais ("mirrors") de material interessante já disponibilizado na WWW por outros, ...

Estamos dispostos a hospedar alguns trabalhos interessantes que consideramos particularmente merecedores de serem mostrados na WWW, dando aos respectivos autores liberdade total para gerir o seu conteúdo num ambiente "não-comercial" e talvez mesmo ajudando-os a preparar os seus documentos. Naturalmente, estamos limitados pelo nosso abundante tempo livre e portanto não podemos convidar-vos a submeter pedidos de alojamento; estamos limitados a fazê-lo num regime do tipo "não nos contactem, nós contactar-vos-emos". O nosso primeiro convidado é Henrique Leitão, com o seu trabalho sobre História da Ciência, Scientia, um exemplo da excelência que procuraremos. Como conhecemos o trabalho dele há varios anos, podemos revelar-vos que o que já está aqui disponível é apenas a ponta do "iceberg" Scientia.

Porquê?

"Uma manobra de relações públicas?" Sinceramente... não. Isto apesar de a Arte Numérica se orgulhar (porque não?) de ver o seu nome associado a conteúdo apresentado na melhor tradição da WWW.

Resposta curta

Porque podemos. Porque pensamos que devemos. E porque gostamos de o fazer.

Resposta longa

Muito mais do que uma rede de computadores,a Internet é uma rede de pessoas. Provavelmente terá sido percebida assim pela maioria dos que a criaram, mantiveram e usaram, nos tempos que em a Internet era pouco notada, senão mesmo desprezada, pelos poderes políticos e pelas grandes companhias. Era não apenas um meio para concretizar e partilhar o nosso trabalho mas também um espaço onde, em contraste com os media dominantes, cada indivíduo podia comunicar praticamente sobre tudo com outros, quase nos mesmos termos que qualquer empresa, governo ou outra instituição, embora apenas um pequeno número de indivíduos privilegiados participassem então na conversa global.

Quando a WWW apareceu, foi acolhida como uma extraordinária ferramenta adicional para melhor estruturar informação, tornando-a mais acessível e ao mesmo tempo permitindo a pessoas com menos conhecimentos técnicos não só aceder à informação mas também publicar a que elas próprias produziam. Muitos mais seres humanos afluíram à Internet, e os poderes políticos e empresariais notaram-no, para o bem, para o mal, ou por cobiça. No início sobretudo com reacções desinformadas e desajeitadas, depois com tentativas, ainda algo desinformadas mas planeadas muito mais fria e estrategicamente, de controlar algo que era correctamente visto como lhes fugindo entre os dedos.

Entretanto, da imprensa popular às "publicações da especialidade" e à TV, apresentadas como autoridades no assunto, doses maciças de tecno-bluff vão sendo derramadas sobre "audiências" desprevenidas. Conforme a agenda mais rentável da semana, a Internet é alternativamente apresentada como a fonte de todos os males, a solução para todos os problemas, ou uma gigantesca oportunidade de negócio, sempre a uma escala global. Preparando assim o palco para novas políticas e produtos para nos "proteger", novos produtos para "enriquecer" a nossa "experiência on-line", e receitas seguras (e mais produtos) para "enriquecer depressa na super-auto-estrada da informação". "Ah, já agora, caros leitores, não se esqueçam de espreitar a playboy.com".

Segundo as visões (e ideais) com que os conglomerados de media inundam o mercado, a Internet seria uma espécie de TV glorificada, os nossos computadores a última palavra em máquinas de vendas, e nós, os "consumidores", demasiado estúpidos para procurar informação e falar directamente com outros "consumidores". Daí as tentativas de "tomada" da Internet através de protocolos privados, o "empurrar" do conceito de "Push" e as tentativas de nos confinar a "portais", com toneladas de publicidade e "conteúdo" homogeneizado, que não passam de portões ferrugentos num campo aberto sem muros.

Para muitos, especialmente aqueles que testemunharam os primeiros anos da web, esse lixo é irritante, ofensivo, e talvez uma ameaça para o que temos considerado o melhor da WWW: desde informação de referência de alta qualidade livremente disponibilizada (por todos os tipos de pessoas e instituições) até às páginas pessoais mais simples e íntimas, todas em coexistência e falando-nos numa voz humana genuína. Se o leitor é hoje um recém-chegado à Internet, é bem provável que tenha visto e ouvido falar de inúmeros vistosos sítios "dot-com", mas talvez ningúem lhe tenha falado de coisas como o Project Gutenberg, as Notas de Galileo Galilei's Sobre o Movimento, o Projecto GNU, a Internet Public Library, o Index Librorum Liberorum, a colecção Carol Gerten's Fine art, as Les Tres Riches Heures du Duc de Berry, a photo.net, ...

A artenumerica.org não é mais do que uma modesta contribuição para promover material como aquele na WWW: isento de lixo, livremente acessível, de referência, útil, cativante, ou simplesmente expresso numa "voz humana" sincera. Porque achamos que aqueles que podem promover tais coisas, devem fazê-lo.

A rede [Internet] é preciosa para mim porque dá aos seres humanos vulgares uma maneira de comunicar com outros seres humanos vulgares. As empresas têm demasiadas formas de despejar anúncios pela minha garganta abaixo. Os seres humanos têm a rede.

-- C J Silverio, Why the web sucks, II

A vida é demasiado curta para "surfarmos" o anúncio de alguém.

-- Philip Greenspun, Philip and Alex's Guide to Web Publishing